Para avaliar os riscos químicos presentes em um local de trabalho, é preciso conseguir dimensionar o potencial nocivo daquela substância e a forma pela qual ela age no nosso corpo.

Esse é, resumidamente, o objeto de estudo da Toxicologia Ocupacional. 

E apesar de sua importância para a prática da Higiene Ocupacional, ela costuma ser muito mal tratada nos nossos cursos de formação.

Por isso temos que comemorar e prestigiar a publicação do livro Toxicologia Ocupacional, de autoria do Dr. José Tarcísio Buschinelli, disponível para download gratuito no site da Fundacentro:

http://arquivosbiblioteca.fundacentro.gov.br/exlibris/aleph/u23_1/bd/Toxicologia_ocupacional_final.pdf

O livro é grande e alguns capítulos são “avançados” demais para o cotidiano da maioria dos prevencionistas (com exceção dos médicos e enfermeiros do trabalho). 

No entanto, há conteúdo que DEVE ser lidos por todos, e com urgência – em especial nesse contexto de mudanças que estamos vivendo.

Para facilitar seus estudos, apontamos aqui 3 blocos de conteúdo que com certeza vão ajudar você em seu trabalho, independente da sua função na área:

• Conceitos básicos de Toxicologia;
• Como identificar riscos químicos – especialmente importante agora, em que todos começam a elaborar seus PGR;
• Como lidar com o monitoramento biológico (como os exames de laboratório).

Vamos apresentar, a seguir, o que achamos mais importante a ser lido e sua localização no pdf. 

Assim ninguém tem mais a desculpa de não ter tempo para consultar o material! 😛

Conceitos Básicos de Toxicologia Ocupacional

Os conceitos básicos de toxicologia são apresentados no Capítulo 3, após um grande capítulo dedicado à revisão de conceitos de Química aplicáveis a Higiene e Toxicologia (pgs 58 a 130).

É um capítulo muito interessante para quem realmente quer entender melhor como se dão as interações entre as substâncias químicas e o nosso corpo.

Nesse capítulo, é fundamental ler das páginas 136 a 155 para que se possa entender: 

• As diferenças entre efeitos locais e sistêmicos.
• Como “funcionam” as vias de absorção – spoiler: na via respiratória, a absorção de gases e vapores é diferente da de partículas!

Entender esses conceitos é importante para que possamos avaliar os riscos e selecionar medidas de controle adequadas. 

Identificação de Riscos Químicos nos Ambientes de Trabalho

Esse é um capítulo para todos os prevencionistas, em todos os níveis.

Ele aborda de maneira bastante objetiva a questão da identificação e avaliação de riscos químicos no ambiente de trabalho.

Não deixe de ler das páginas 226 a 245, onde o autor apresenta, entre outras coisas:

• Itens que devem ser observados para saber se um perigo pode se caracterizar em risco, como sua toxicidade, a frequência de uso e suas características físico-químicas;
• Fontes de informação (gratuitas!) sobre substâncias químicas;
• Quando avaliar quantitativamente a exposição e os critérios para interpretação dos resultados.

Destaco o trecho a seguir, que encerra o Capítulo 5:

Qualquer que seja o método de abordagem e os critérios de decisão adotados, eles devem ser previstos antes da execução das avaliações.

O mais importante é sempre ter a perspectiva de que a avaliação não é um fim em si, mas um meio de proteger os trabalhadores dos efeitos adversos das substancias químicas, pois direciona as ações de controle aos pontos prioritários.

Diante de tanto foco em avaliação, sempre é bom lembrar de que ela serve a prevenção, não sendo o objetivo final da nossa ação.    

Monitoramento biológico: para quê serve?

Infelizmente, ainda temos muitas dificuldades relacionadas ao monitoramento biológico dos trabalhadores expostos aos riscos químicos.

O livro apresenta conceitos muito importantes sobre o tema, que passa a ser ainda mais importante no contexto da nova NR-7.

Isso porque ela prevê que o PCMSO explicite os critérios de interpretação e planejamento das condutas relacionadas aos achados dos exames médicos (item 7.5.4, alínea “c”), o que torna fundamental que todos os envolvidos entendam com o que estão lidando.

Além disso, entender o porquê da realização do monitoramento biológico (MB) é essencial. Segundo o livro:

Como o MB da exposição complementa o monitoramento ambiental, se não existirem ações de Higiene do Trabalho no controle dos ambientes de trabalho e se os achados nos exames não forem úteis para retroalimentação do controle do ambiente, os exames médicos ocupacionais (incluindo o MB da exposição) servirão apenas para uma série de outros propósitos, como cumprir legislação trabalhista, notificar agravos de saúde a Previdência Social, entre outros, mas conceitualmente não se estará realizando o seu intuito básico, que é o monitoramento da exposição ocupacional a um agente químico.

Sobre isso, recomendo que você assista a participação do Dr Tarcísio Buschinelli na CANPAT 2020, em que ele fala sobre o Anexo I da NR-7, que trata do monitoramento biológico da exposição a agentes químicos.

É um vídeo curto, mas que vale muito a pena assistir. 😉

Páginas essenciais: 250-253, 255, 265.

E agora?

Faça o download da publicação “Toxicologia Ocupacional”. Leia aos poucos, conforme tiver tempo. Mas não deixe de ler!

Ao separar esses trechos que considero essenciais, minha intenção é despertar o seu interesse pela obra como um todo. 😉 🙂

É uma das melhores publicações da Fundacentro, que merece nosso prestígio e, também, nossa gratidão pelo papel institucional que desempenha.

Façamos todos um bom trabalho!