Você conhece o Manual de Aplicação da NR-17, publicado pelo Ministério do Trabalho?

Conversamos anteriormente sobre o que é Ergonomia, e sobre o mau uso da ferramenta da análise ergonômica do trabalho.

Isso se deve, em parte, ao fato de alguns profissionais entenderem que as Normas Regulamentadoras contêm todo o conhecimento necessário à atuação profissional.

Nada menos verdadeiro.

As NR são apenas regulamentos. Elas não substituem o conhecimento adquirido pelo estudo dos tópicos que nos dispomos a abordar – principalmente Ergonomia.

Um dos casos em que o órgão normatizador auxiliou na interpretação do regulamento, apresentando também uma boa fonte de consulta técnica, é o Manual de Aplicação da NR-17.

Elaborado em 2002 por um time de especialistas de peso, o Manual de Aplicação da NR-17 é bastante didático e apresenta uma base conceitual bem interessante.

O que encontrarei no Manual de Aplicação da NR-17?

No Manual, cada item do texto-base da NR-17 é interpretado e explicado. São orientações valiosas para o público e para os auditores-fiscais do trabalho.

Ao longo do Manual, são apresentados também conceitos e breves explanações sobre fisiologia, biomecânica, cognição, organização do trabalho, programas de metas… É um material muito rico!

Seguem dois trechos, apenas para vocês terem uma ideia sobre o “tom” do material. É de fácil compreensão e, ao mesmo tempo, capaz de provocar algumas reflexões.

A postura mais adequada ao trabalhador é aquela que ele escolhe livremente e que pode ser variada ao longo do tempo. O tempo de manutenção de uma postura deve ser o mais breve possível, pois seus efeitos, eventualmente nocivos, dependem do tempo durante o qual ela será mantida.

E:

Geralmente, nos outros setores produtivos, tenta-se implantar o mesmo sistema de pausas. Isso tem que ser avaliado com muito cuidado, pois cada tarefa tem a sua particularidade.

Nas linhas de montagem, por exemplo, a queixa mais comum é que o tempo alocado à realização da tarefa é muito reduzido e quando há incidente, o trabalhador só consegue realizá-la com grande esforço e agilidade. Isso faz com que ele esteja sempre ansioso com a possibilidade de não conseguir realizar bem a tarefa. Nesse caso, seria muito mais útil um aumento no tempo do ciclo destinado à tarefa que uma pausa de 10 minutos a cada 50 minutos trabalhados.

Assim, poder-se-ia fazer uma micropausa entre um ciclo e outro, permitindo o retorno das articulações à posição neutra,o que está mais que provado reduzir a incidência de DORT.

Enfim, vale muito a pena fazer o download do Manual!  Consulte-o quando estiver diante de algum item da NR-17, mesmo que a princípio não tenha dúvidas. Às vezes, nossas convicções podem estar erradas… 😉

Segue o link para download gratuito:

https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/escola/e-biblioteca/manual-de-aplicacao-da-nr-17-ano-2002.pdf/view

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Cibele Flores

Engenheira Mecânica, Engenheira de Segurança do Trabalho, Mestre em Engenharia, Auditora Fiscal do Trabalho e professora em cursos de especialização.

2 Resultados

  1. Werner Padrão disse:

    Boa noite Cibele,

    O referido manual ainda é aplicável após a última atualização da NR-17?

    • Cibele Flores disse:

      Oi,
      Claro que os itens mudaram, mas conceitualmente a base não mudou tanto. Inclusive o item da NR-17 antiga, que determinava que o trabalho sentado fosse priorizado, é “relativizado” nesse Manual, que informa que o ideal é que a posição possa ser alternada – o que está de acordo com o texto atual.
      Como qualquer material, deve ser lido com critério. 😉
      Bom trabalho pra vc!

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