COVID-19 nos locais de trabalho: 5 Dicas.
Após alguns meses de auditorias durante a pandemia da COVID-19, vemos que os erros que as empresas cometem são muito semelhantes.
Nesse artigo, vamos apresentar 5 dicas práticas relacionadas à Portaria Conjunta No 20/2020, instrumento normativo federal que determina as medidas que devemos adotar para reduzir a transmissão do SARS-CoV-2 nos locais de trabalho.
Caso você não conheça essa Portaria, já conversamos sobre ela aqui:
https://www.sabersst.com.br/covid-19-e-a-portaria-conjunta-20-2020/
Vamos lá!
1. Tenha cuidado com o ar condicionado.
Ambientes climatizados são naturalmente propícios à propagação de doenças respiratórias.
Lembra da Síndrome do Edifício Doente? Falamos sobre ela anos atrás, aqui:
https://www.sabersst.com.br/edificio_doente/
Imagine então agora, durante a pandemia…
A recomendação é usar ao máximo a ventilação natural. Se não der, deve-se evitar a recirculação do ar e ter o máximo de cuidado com a manutenção do sistema de ar condicionado.
Grande parte das empresas têm minisplits (como os que temos em casa) em suas áreas administrativas. E a maioria delas têm usado os splits normalmente, com todos os empregados na sala, portas fechadas e tal.
O problema é que esses equipamentos não possibilitam a renovação de ar através deles, e seus filtros de tela servem mais para proteger o equipamento do que para proporcionar uma boa qualidade do ar interior.
Se você quiser saber mais sobre esse assunto, sugiro 3 fontes:
- Um “Perguntas e Respostas” elaborado pela Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA). Ele trata justamente sobre o uso de sistemas de ar condicionado no contexto da Covid-19.
- O Relatório Técnico “Impactos da Pandemia de COVID-19 sobre Sistemas de Ar Condicionado e Climatização”, da Universidade Federal de Juiz de Fora.
- O artigo Assessment and mitigation of aerosol airborne SARS-CoV-2 transmission in laboratory and office environments, publicado no Journal of Occupational and Environmental Hygiene. Esse artigo está aberto para não assinantes também.
Então, o que fazer?
Algo bastante impopular: desligar o ar condicionado.
Se estiver muito calor, a ABRAVA recomenda ligar o ar e deixar a janela parcialmente aberta, para que entre ar para diluição e o ar condicionado resfrie um pouco o ambiente.
“Ah, mas a eficiência energética…”
Desliga o ar, então. No atual momento, não existe solução perfeita.
Se sua empresa tem sistema de ar central, a situação é diferente.
Converse com o responsável pelo PMOC sobre as taxas de renovação do ar, para se assegurar que está sendo captado ar externo em volume suficiente, sobre o sistema de filtragem e mantenha a manutenção em dia.
Além disso, faça as avaliações da qualidade do ar interior previstas na Resolução RE no 9 da Anvisa, como já conversamos aqui.
2. Preste atenção no local de refeições!
Essa é uma hora crítica, já que aqui o uso das máscaras é impossível.
Então, entre as medidas práticas que você pode adotar, citamos:
- Aumentar o horário de almoço, para reduzir a lotação das salas e refeitórios.
- Retirar ou bloquear assentos. Apenas assinalar os lugares que não poderiam ser usados nem sempre funciona…
- Retirar saleiros, pimenteiros, porta-condimentos…
- Deixar portas e janelas abertas e, de preferência, desligar o ar condicionado.
- Colocar barreiras sobre o buffet, para não caírem gotículas de saliva na comida.
- Quando não for possível garantir o espaçamento frontal ou transversal adequado (a Portaria fala em 1,0 m, mas você pode trabalhar com pelo menos 1,5 m), colocar barreiras sobre a mesa. A altura em relação ao chão deve ser de 1,50 m.
- Incentive o silêncio. Ao falar, muitas gotículas podem ser liberadas e contaminar o ambiente. No artigo da JOEH que mencionei no item 1, a fala (tanto alta como em tom de voz normal) é mencionada como uma fonte significativa de partículas. Como todo mundo vai estar ali sem máscara, o silêncio vale ouro.
3. Forneça máscaras em quantidade suficiente e as substitua.
É essencial que os trabalhadores utilizem máscaras nos ambientes de trabalho, especialmente em locais fechados.
Temos visto, porém, muitos empregadores que forneceram um número insuficiente de máscaras.
Claro que muitas pessoas têm suas próprias máscaras, até porque as usam na sua vida fora do trabalho.
No entanto, no trabalho, você deve considerar que as máscaras devem ser substituídas pelo menos a cada 3 horas (ou antes, caso fiquem sujas ou molhadas).
Isso faria com que, em uma jornada de 8 horas, pelo menos 3 máscaras fossem usadas.
Considerando que as máscaras de tecido lavadas à mão não secam de um dia para o outro, principalmente se lavadas à noite, você precisaria de mais 3 máscaras para a outra jornada.
Isso representa um custo que não é do trabalhador, e sim da empresa.
Então se certifique de que todos receberam máscaras suficientes e que as estão usando.
Do contrário, é só para inglês ver.
4. Crie um sistema para que os trabalhadores sintomáticos nem entrem na empresa.
Se um trabalhador com sintomas gripais vai à empresa, nem que seja para avisar isso, pode contaminar o porteiro, a pessoa da triagem e quem vai receber o atestado.
Estabeleça canais de comunicação diretos, receba atestados provisoriamente por Whatsapp, e-mail ou sistema próprio da empresa… Faça de tudo para evitar o acesso de pessoas doentes no local de trabalho.
E sobre o acesso, é bom manter algumas máscaras extra na portaria, para algum trabalhador ou visitante que tenha esquecido a sua.
5. Aumente a frequência de higienização dos ambientes
Parece óbvio, mas acredita que tem empresa que estava fazendo limpeza no ambiente de trabalho apenas uma vez por semana???
Pois é.
É fundamental que se aumente a frequência de limpeza em banheiros, mesas, locais de refeições, maçanetas, corrimões… Enfim, em todo o local de trabalho.
E agora?
Sabemos que todos precisamos trabalhar.
No caso da COVID-19 nas empresas, muitos trabalhadores escolhem ignorar o problema. Talvez seja uma forma de lidar com essa preocupação, já que não podem deixar de trabalhar e sentem que não tem poder diante dessa situação.
Para os prevencionistas, porém, essa não é uma atitude válida.
Nosso papel é apresentar as medidas que, no momento, se acreditam ser as mais eficientes para o controle da pandemia, de forma que as chances de todos voltarem para casa saudáveis aumentem.
São medidas impopulares? É chato usar máscara, ficar sem ar condicionado, não poder conversar com os colegas no refeitório? Sim.
Mas, infelizmente, é o que precisa ser feito no momento.
E não esqueça que, além da Portaria Conjunta No 20/2020, sua empresa deve observar as regulamentações estabelecidas pelo estado e pelo município.
Façamos todos um bom trabalho!
Boa Noite. Para reforçar as informações e melhorarmos como Instituição de Classe a ABRAVA criou em Abril/2020 o Comitê de Normas Regulatórias ABRAVA cujo trabalho é estudar cada uma das NR’s para criarmos um Manual Orientativo com 03 aspectos distintos: 1. Qual o Impacto das Novas NR’s do governo para as empresas do Setor de AVAC-R. 2. O que o Setor de AVAC-R pode melhorar na adequação dos edifícios para o completo atendimento das NR’s. 3. Como orientar as Instituições Governamentais e o Terceiro Setor para fiscalizar e fazer cumprir as determinações das NR’s nos conceitos do AVAC-R . A fase 1 já está concluída, estamos finalizando a fase 2 e no inicio de 2021 pretendemos concluir a fase 3. Já esta agendado para Abril/2021 um Seminário sobre NR’s no tocante ao Ar Condicionado onde estará aberto a participação de todas as Instituições, Organizações, Associações e Empresas que atuam direta ou indiretamente na área de Saúde e Segurança do Trabalho. Obrigado. Meu nome é Paulo Américo dos Reis e sou o Coordenador responsável pelos trabalhos do Comitê das NRs – ABRAVA.
Que ótima notícia, Paulo!
A ABRAVA certamente tem um papel muito importante a cumprir nesse contexto. Muito oportuna a criação desse Comitê! Como eng. mecânica e de segurança do trabalho, fico bastante feliz com a notícia.
Abraços!