Soldagem e Fumos de Solda: Riscos à Saúde e Medidas de Controle
Entre as atividades que mais encontramos em nosso cotidiano como prevencionistas está a soldagem.
Encontramos soldadores em muitas indústrias, tanto na atividade-fim quanto na manutenção.
Ao controlar os riscos da atividade, muitos se limitam a “atacar” os de acidentes e a radiação – riscos que são, de fato, muito relevantes.
No entanto, um risco muito importante acaba passando batido: a exposição aos fumos de solda.
Fumos de Solda: Riscos à Saúde
Você não acredita que os fumos de solda realmente ofereçam um risco à saúde dos trabalhadores? Bem, vamos aos fatos.
Segundo o INCA, homens que desempenham a função de soldadores têm maior risco de desenvolver câncer de pulmão e câncer de fígado.
Além disso, segundo o HSE, a exposição aos fumos de solda pode provocar febre dos fumos metálicos, irritação da garganta e dos pulmões, asma ocupacional e pneumonia.
Quem trabalha com soldagem de aço inoxidável merece atenção dobrada, já que os arames podem conter até 20% de cromo em sua composição. Segundo Jorge da Rocha Gomes, em artigo publicado na RBSO em 1985 (sim, esse assunto não é novidade!), os fumos desprendidos na soldagem de aço inox podem conter uma quantidade considerável de cromo VI.
Vale lembrar que o cromo VI é um agente confirmado como carcinogênico para humanos, segundo a nossa LINACH (Lista Nacional de Agentes Cancerígenos para Humanos – leia sobre ela aqui).
Merecem destaque também outros riscos químicos associados às operações de soldagem, como o manganês, o cádmio e o níquel, além de irritantes como o óxido de nitrogênio e o ozônio.
Ah, e o mais importante: os fumos de solda foram recentemente “reclassificados” pela IARC (International Agency for Research on Cancer, órgão da Organização Mundial da Saúde) no grupo 1. Isso quer dizer que os fumos de solda são agentes carcinogênicos confirmados para humanos. Leia a Monograph 118, publicada em 2018, no link abaixo:
http://publications.iarc.fr/569
Também vale lembrar que, além da exposição aos fumos, devemos lembrar dos gases – se você não lembra a diferença, leia aqui.
Segundo a IARC,
Gases de solda são gerados a partir dos gases de proteção, da decomposição dos fluxos e da interação entre radiação UV e/ou altas temperaturas com os gases presentes no ar (por exemplo, o nitrogênio do ar combinado com calor produz NO2, e o oxigênio interagindo com o arco de solda produz ozônio).
Mais detalhes você pode encontrar na Monograph 118, já mencionada acima.
Evidências não faltam! Consulte a bibliografia apontada nas Fontes e veja que o problema é sério!
Como controlar a exposição aos fumos de solda?
Nos casos em que a soldagem não puder ser eliminada do processo produtivo e for realizada em locais fechados, deve-se usar ventilação local exaustora.
É interessante observar as recomendações dos próprios fabricantes. Segundo a Esab, em sua publicação “Regras para Segurança em Soldagem, Goivagem e Corte ao Arco Elétrico”:
Metais tais como o aço galvanizado, o aço inoxidável, o cobre, ou que contenham zinco, chumbo, berílio ou cádmio nunca devem ser soldados ou cortados sem que se disponha de uma ventilação forçada eficiente. Nunca se deve inalar os vapores produzidos por estes materiais.
Nesse assunto, e em muitos outros, o HSE é nossa referência. Mesmo para operações de solda MIG e independentemente da duração, o HSE determina que as empresas utilizem ventilação local exaustora, como você pode observar nesse alerta:
E não custa nada lembrar que:
– O item 9.3.5.1 da NR-9 determina que, diante da constatação de risco evidente à saúde (alínea b), devem ser adotadas as medidas de controle necessárias e suficientes para o seu controle.
– Os itens 9.3.5.2 e 9.3.5.4 estabelecem a hierarquia dessas medidas. Você pode ler mais sobre o assunto no artigo abaixo:
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Façamos todos um bom trabalho!
Fontes:
http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/comunicacao/diretrizes_cancer_trabalho.pdf
http://www.fundacentro.gov.br/arquivos/rbso/Artigos%2049/V13%20n49-02.pdf
http://www.esab.com.br/br/pt/education/apostilas/upload/apostila_seguranca_na_soldagem_rev1.pdf
http://www.hse.gov.uk/pubns/guidance/wl10.pdf
Bom dia!
É uma briga constante.
Temos que 90% das pequenas serralherias, não utilizam máscara prot. respiratória PFF2 ou superior. Só a Máscara de Solda, entendem que é só o suficiente.
Vocês leitores que nos leem, podem passar em qualquer serralheria perto das suas casas, para constatar tal. Façam uma pesquisa para comprovar que estamos comentando. Só usam a máscara de solda (CA vencido, mau estado de conservação, etc).
E se pedir para usar a PFF2 ou superior, é “briga” na certa. “Nunca usamos, por que usar agora?”
Tenho visto alunos do SENAI (usando piercing, pulseiras) sem masc. prot. respiratória na solda elétrica. Será que o SENAI formador e celeiro de profissionais no passado, não é mais aquele?
Comentar então que é necessário o PPRA / PCMSO no mínimo, nem pensar ser atendido. Desconhecem, entendem que estamos querendo enganá-los com assuntos desnecessários.
Fora que, quanto a ruído, 80% dos soldadores têm alguma perda auditiva por falta e orientação e exigência do EPI prot. auditivo.
Recomendamos e detalhamos estas exigências neste tipo de mercado, mas sempre sem retorno, 99% dos casos.
O M.T.E. deveria um dia, correr em todas as pequenas e micro serralherias de uma determinada vila, e outras depois, e orientá-las (não multa-las de imediato), e na reincidência, sim, mexer no bolso do pequeno empreendedor, que por falta de orientação, ou fiscalização, gera depois um custo enorme para a Previdência Social (pago com nossos dinheirinhos suados de impostos) para cuidar doenças crônicas pulmonares e/ou perdas auditivas.
Um dia, o Brasil, neste assunto particular, vai ter jeito, espero.
muito obrigado
perguntas
1-quais as medidas de controle na trajetoria e do controle no receptor -homem de agentes biologicos de micro-organismos patogenicos que devo usar no setor administrativo de uma metalurgica
Boa tarde! Ainda não tenho os laudos para realizar exames admisionais da função soldadores, poderiam me dizer qual exames o soldador deverá realizar na admissão.
Os exames devem ser definidos pelo médico do trabalho, com base na avaliação do ambiente de trabalho e da tarefa realizada.
Não fornecemos esse tipo de orientação, apenas conteúdo educacional.
Abraços!