Doenças Ocupacionais: Reconhecendo e Prevenindo
Infelizmente, pouco se fala sobre as doenças ocupacionais no Brasil. Os próprios prevencionistas, por vezes, se preocupam muito com os acidentes de trabalho e negligenciam a possibilidade de ocorrência de doenças do trabalho.
Com exceção das LER/DORT, quase nada é notificado. Eventualmente se comenta sobre silicose e asbestose, e só.
Antes de mais nada, precisamos entender a gravidade do quadro do adoecimento ocupacional no mundo.
Doenças ocupacionais: qual o tamanho do problema?
Segundo a OIT, é enorme! Em 2013, uma estatística alarmante foi apresentada:
Exatamente, você não leu errado. Ocorrem aproximadamente 2,34 milhões de mortes ligadas ao trabalho anualmente, no mundo.
Dessas, apenas 321 mil se devem a acidentes.
As outras 2,02 milhões de mortes são provocadas por doenças do trabalho. Quem quiser saber mais sobre o dado, pode acessar o site da OIT.
Outra informação importante: apenas 1-5% das doenças ocupacionais são notificadas nas Américas, segundo relatório da OPAS e da OMS.
Assim, podemos ver que temos um problema bastante grave diante de nós.
Como saber se meu local de trabalho oferece risco de adoecimento?
Conversaremos sobre diferentes riscos e exposições ocupacionais aqui no blog. Mas, para saber de imediato se seu local de trabalho oferece riscos, é fundamental que o reconhecimento dos riscos no PPRA seja muito bem executado.
Segundo a NR-9:
9.3.3 O reconhecimento dos riscos ambientais deverá conter os seguintes itens, quando aplicáveis:
a) a sua identificação;
b) a determinação e localização das possíveis fontes geradoras;
c) a identificação das possíveis trajetórias e dos meios de propagação dos agentes no ambiente de trabalho;
d) a identificação das funções e determinação do número de trabalhadores expostos;
e) a caracterização das atividades e do tipo da exposição;
f) a obtenção de dados existentes na empresa, indicativos de possível comprometimento da saúde decorrente do trabalho;
g) os possíveis danos à saúde relacionados aos riscos identificados, disponíveis na literatura técnica;
h) a descrição das medidas de controle já existentes.
Se os riscos foram adequadamente identificados, se deve buscar na literatura os danos à saúde relacionados a eles.
Como boa literatura gratuita, sugerimos as seguintes publicações nacionais:
- Vigilância do Câncer Ocupacional e Ambiental, do INCA;
- Diretrizes para a vigilância do câncer relacionado ao trabalho, do Ministério da Saúde;
- A publicação Doenças Relacionadas ao Trabalho – Manual de Procedimentos para os Serviços de Saúde;
- A Lista Nacional de Agentes Cancerígenos para Humanos (LINACH).
A consulta às FISPQ e às bases de dados internacionais também é recomendável.
E agora?
Reconhecidos os riscos, lembre que:
- Se forem detectados riscos à saúde, as medidas previstas na NR-9 devem ser adotadas;
- O PPRA deve ser articulado com o PCMSO.
A prevenção de acidentes de trabalho é importante, mas nosso trabalho não se limita a ela. Com algum conhecimento na área de Higiene Ocupacional, você pode apontar soluções simples e com baixos custos que reduzam a exposição dos trabalhadores a agentes nocivos.
Os efeitos dessas ações podem não ser percebidos de imediato, mas irão proporcionar anos de vida a mais para muitas pessoas! São homens e mulheres que verão seus filhos e netos crescer, que poderão dar melhor suporte para suas famílias… Todos ganham.
Não tenha medo: pesquise! Seja a cada dia um prevencionista melhor.
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Façamos todos um bom trabalho!