Exposição ao Ruído: Conceitos Fundamentais e Curvas A e C

O ruído é um dos agentes ambientais mais encontrados nos locais de trabalho, mas ainda gera muita confusão na hora de sua avaliação…

Isso porque para avaliar a exposição ao ruído não basta saber operar um dosímetro ou um decibelímetro. É fundamental poder interpretar os números que os instrumentos mostram.

Para isso, precisamos entender alguns conceitos básicos…

Ao final desse artigo, você conhecerá:

  1. Principais conceitos ligados ao ruído (frequência, pressão sonora, decibel etc);
  2. Por que se utilizam as curvas de compensação A e C.

Vamos lá!

Ruído: Conceitos Fundamentais

A expressão ruído, em geral, é associada a um som indesejável.

Assim, inicialmente, é preciso entender o que é o som. Podemos utilizar duas definições:

A primeira é mais formal: perturbação vibratória em meio elástico, que produz uma sensação auditiva.

A segunda é mais prática: variação de pressão atmosférica capaz de sensibilizar os ouvidos.

Duas características físicas são fundamentais para caracterizar o ruído: a frequência (variável também fundamental no estudo de Vibrações) e a intensidade.

A frequência é o número de oscilações de uma onda que ocorrem um período de um segundo. Sua unidade é o Hz. Se você quiser saber mais detalhes, consulte a Wikipedia. 😉

Já a intensidade é a quantidade de energia que se propaga a partir da fonte emissora, e pode ser expressa em termos de energia (W/m2) ou de pressão (N/m2 ou Pa).1

Em geral, quando tratamos de ruído, trabalhamos com o Nível de Pressão Sonora, que é uma relação logarítmica entre a pressão do som e uma pressão de referência, conforme a equação a seguir.

Essa relação é expressa em decibel (dB).

O decibel (dB) não é uma unidade de medida de som, sendo também utilizado em outros campos, como a eletrônica e as telecomunicações. É apenas uma unidade de relação logarítmica. 😉

Circuitos de Compensação (ou Ponderação) A e C

O som, em geral, é formado por um conjunto de ondas de diferentes frequências.

Os instrumentos de medição “separam” essas ondas, para que se possa determinar o quanto de energia está associada a cada faixa de frequências.

Isso precisa ser feito porque nossos ouvidos não têm a mesma sensibilidade para todas as faixas de frequência.

Para tentar reproduzir a resposta do nosso ouvido, os medidores de nível sonoro têm filtros, usualmente chamados de Curvas de Ponderação ou de Compensação, que podem ser do tipo A, B, C e D1.

As curvas são apresentadas na figura a seguir, extraída do site Engineering Toolbox.

Para avaliar ruído contínuo ou intermitente, utilizamos a curva A, ou filtro A, que é a que melhor correlaciona o nível sonoro com a probabilidade de dano auditivo2. O uso da curva A é previsto tanto na NR-15 (Anexo 1) quanto na NHO-01.

Usa-se uma “escala” linear, sem ponderação , para avaliar o ruído de impacto, tanto pelo critério da NHO-01 quanto pelo Anexo 2 da NR-15 (item 2). Essa escala nos dá uma avaliação objetiva do ruído no local de trabalho, e serve para caracterizar uma fonte.

A curva C pode ser utilizada para avaliar ruído de impacto quando não houver medidor do nível de pressão sonora com circuito de resposta para impacto, conforme estabelecido no item 3 do Anexo 2 da NR-15 .

Observe que a curva A amplifica (isto é, dá um peso maior) os tons com frequência entre 1000 e 6000 Hz, aproximadamente. Por outro lado, na curva A os sons entre 20 e 1000 Hz são bastante atenuados, o que não ocorre na curva C.

Por isso faz diferença utilizar as curvas corretas e informar, no seu laudo, qual delas foi utilizada.

Se você utilizou a curva A, o resultado será em dB(A); se foi usada a curva C, a resposta será em dB(C). Se nada é dito, entende-se que a resposta é linear (lembrando que a NHO-01 utiliza a representação “dB(Lin)”).

Conclusões

Conhecer os principais aspectos envolvidos na avaliação da exposição ao ruído é fundamental para que as medições realmente tenham significado. Assim, poderemos concluir pela aceitabilidade ou não da exposição, e determinar a tomada de medidas de controle.

Ainda temos muito para conversar sobre ruído: fator de dobra, NEN x Lavg, NHO-01 x NR-15, atenuação de protetores auriculares… Clique nos links e continue sua jornada! 😉

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Até a próxima!


Fonte:

  1. Ruído – Riscos e Prevenção. Ubiratan de Paula Santos et al. Editora Hucitec, 1994.
  2. Apostila do módulo 2 (Agentes Físicos I) do Treinamento em Higiene Ocupacional do LACASEMIN/USP, 2016.

Cibele Flores

Engenheira Mecânica, Engenheira de Segurança do Trabalho, Mestre em Engenharia, Auditora Fiscal do Trabalho e professora em cursos de especialização.

1 Resultado

  1. Fernando disse:

    NBR 10151 DE 29MAIO2019
    COMO CALCULAR O TEMPO DE REVERBERAÇÃO NO MÉTODO DETALHADO PARA MEDIÇÃO EM AMBIENTE INTERNO

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